Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mamíferos
Ordem: Artiodactyla
Família: Cervidae
Subfamília: Cervinae
Gênero: Megaloceros
Espécies: Megaloceros giganteus

Nos séculos XVII e XVIII, cientistas começaram a descobrir fósseis que não pertenciam a nenhum organismo que vivia atualmente na Terra. O alce-gigante, também conhecido como alce-irlandês, era um deles. Atualmente, esse animal é exibido no brasão de armas da Irlanda do Norte.
As primeiras pistas da existência desse animal foram encontradas em sedimentos de lago na Irlanda. O alce-gigante distribuía-se por toda a Europa, África do Norte e algumas regiões da China.
O Megaloceros giganteus evoluiu ao longo dos últimos milhões de anos durante os períodos Glaciais e Idade do Gelo, especificamente na época do Pleistoceno. Acredita-se que o primeiro alce-gigante apareceu há cerca de 400.000 anos.

Características
O alce-gigante tinha cerca de dois metros de altura. Seus ombros sustentavam os maiores chifres que qualquer outro cervídeo conhecido já teve: aproximadamente 3,65 metros de ponta a ponta e pesando cerca de 40 kg.
O corpo do Megaloceros giganteus tinha uma massa corporal impressionante que variava entre 540 e 600 kg. Alguns indivíduos chegaram a pesar 700 kg ou mais. Os esqueletos presentes no Museu de História Natural de Dublin ajudam a comprovar esses números.
Durante a ultima Era Glacial, os alces-gigantes eram herbívoros que habitavam prados e florestas abertas. Eles eram caçados e serviam de alimento para os primeiros humanos. Viviam em prados e florestas abertas, durante a última era glacial. As galhadas dos machos eram utilizadas para atrair as fêmeas e intimidar outros machos. Aqueles que possuíam os maiores chifres recebiam o status de dominante.

Reprodução e seleção sexual
Há inúmeros e frequentes debates sobre a possibilidade de a seleção sexual ter levado ou não o alce-gigante à extinção. Durante esse processo, o macho precisa apresentar e oferecer à fêmea algo que seja bastante atrativo. Nesse caso, os chifres.
A seleção sexual pode aumentar ou diminuir a chance de extinção de uma população devido a comportamentos como a competição masculina e a escolha feminina. Além disso, o assédio sexual dos machos poderia resultar em uma menor fecundidade feminina ou até mesmo a morte.
Todo ano, após o período de acasalamento, a galhada do alce-gigante se soltava. Os novos chifres precisavam crescer para a próxima estação. Para isso, diversos nutrientes precisavam estar presentes na alimentação do animal, sendo muita vezes retirados de reservas ósseas.
Extinção
Antes do século XX, o alce-gigante foi tomado como um excelente exemplo de ortogênese ou evolução direcionada. Trata-se de um mecanismo evolutivo em que os organismos sucessivos dentro da linhagem de uma série evolutiva se tornam cada vez mais modificados em uma única direção não-revolucionária.
Tradicionalmente, a discussão da causa da sua extinção centrou-se no tamanho do chifre. Já alguns cientistas sugeriram que a caça pelos seres humanos foi um fator contribuinte para o desaparecimento do alce-gigante. Outros assumem que a causa final da extinção pode ter sido as adaptações para o metabolismo mineral, que foram benéficas para o alce-gigante até a vegetação mudar. Mas, dada a dificuldade de recuperar registros quantitativos de impactos de caça humana apenas no registro sub-fóssil, o papel dos humanos na extinção desse animal ainda não é claro.

Algumas pesquisas sugeriram que a falta de forragem de alta qualidade suficiente causou a extinção do alce. A redução na densidade florestal no Pleistoceno tardio diminuiu a seleção nutricional e pode ter levado a um conflito entre seleção sexual e, posteriormente, a diminuição no tamanho dos chifres e do corpo, o que explicaria a causa da morte.
São necessárias grandes quantidades de compostos de cálcio e fosfato para formar as grandes galhadas e, portanto, grandes quantidades desses minerais são necessárias para as estruturas maciças do alce-gigante. Essas substâncias foram obtidas por meio da alimentação e utilizadas para a manutenção da estrutura óssea. Porém, na fase de crescimento dos chifres, o alce-gigante sofria de uma condição semelhante à osteoporose.
Quando o clima mudou no final do último período glacial, a vegetação no habitat do animal também mudou em direção a espécies que, presumivelmente, não poderiam fornecer quantidades suficientes dos minerais necessários, pelo menos na parte ocidental do seu alcance.

Mas não basta culpar o tamanho do chifre por sua extinção. A causa mais provável é a redução do estágio de crescimento no final da era do Pleistoceno. Essa redução na disponibilidade de nutrientes resultou na diminuição da reprodução feminina em cerca de 50%.
No entanto, os exemplares mais recentes de M. giganteus no norte da Sibéria, datado de aproximadamente 7.700 anos atrás, bem após o final do último período glacial, não mostram nenhum sinal de estresse nutricional. Eles vêm de uma região com um clima continental onde a mudança de vegetação proposta não ocorreu (ainda).
Novas amostras de espécimes em contextos estratificados sugerem que o alce-gigante ainda existia 1.400 anos após sua suposta extinção. Os fósseis dessa espécie encontrados na Ilha de Man, em Ballaugh, confirmam a sobrevivência da espécie no Holoceno inicial (período seguinte ao Pleistoceno), pelo menos nesta área. O esqueleto de Ballaugh é menor do que toda a gama de esqueletos irlandeses, mas tem um crânio relativamente grande e os chifres são bem dimensionados para um macho adulto. Isso sugere que o tamanho diminuiu na transição para o Holoceno.

Existe uma forte alometria intraespecífica entre cervos irlandeses. Os animais menores têm chifres relativamente mais curtos. Os órgãos de exibição reduzidos são teorizados para indicar um prelúdio para a extinção, assim como a seleção sexual e nutricional. Esses fatores reduziram as populações e o tamanho corporal do cervo gigante. No entanto, os dados indicam que é improvável que tenham sido totalmente responsáveis pela extinção do animal. Com a evidência disponível, é difícil definir a causa exata da extinção.
Muitos cientistas argumentam que fatores como mudanças ecológicas, doenças virulentas e caça por seres humanos destruíram muitas grandes espécies de mamíferos no final da era do gelo europeu, incluindo o alce-gigante. Os fósseis encontrados na Ilha de Man, em Ballaugh, e em dois lugares no oeste da Sibéria, após a supressão da extinção das espécies, mostram que, independentemente das causas, a extinção real da espécie foi provavelmente devido a uma variedade de fatores que tinham diferentes significados e tempo em diferentes partes do alcance da espécie.