Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Apodiformes
Família: Apodidae
Género: Streptoprocne
Espécie: Streptoprocne biscutata
O andorinhão-de-coleira-falha é uma ave que, apesar de se parecer com as andorinhas, na verdade são parentes dos beija-flores. Ele se distribui por vários estados brasileiros e também no Paraguai.
Seus habitats incluem regiões de floresta tropical, subtropical e temperada, úmida ou seca, de baixa ou elevada altitude. O andorinhão-de-coleira-falha costuma realizar voos próximos a seus ninhos, mas pode ser visto esporadicamente sobrevoando centros urbanos.
Essa ave e vista, na maioria das vezes, em grupos bastante numerosos, com 50 a 100 indivíduos. Não é raro que esse número chegue a 500. Ao dormir, eles pousam em paredões próximos a quedas d’água ou em cavernas perto de algum riacho.
Apesar das semelhanças, é importante ressaltar que as aves que costumamos observar em fios da rede elétrica e nos telhados das casas são, na verdade, andorinhas. Assim como os outros andorinhões, o andorinhão-de-coleira-falha pousa somente em paredes verticais devido ao formato de seus pés.
Essa ave possui duas subespécies reconhecidas. A Streptoprocne biscutata biscutata, descrita em 1866, está presente no estado de Minas Gerais até o Paraguai e nordeste da Argentina. Já a Streptoprocne biscutata seridoenses, descrita em 1991, ocorre no nordeste brasileiro, mais especificamente na região do Seridó, no estado da Paraíba.
Características
O andorinhão-de-coleira-falha mede aproximadamente 20 centímetros de comprimento e pesa cerca de 100 gramas. Considerada de pequeno porte, essa ave apresenta uma plumagem preta com alguns vestígios de cinza. Sua principal característica é uma “coleira” branca na região do pescoço.
As asas do andorinhão-de-coleira-falha são bastante longas, podendo ser maior que o restante do corpo, e em formato de bumerangue. O voo rápido e a habilidade de planar são possibilitados pelo fato de as penas primárias serem longas e estreitas.
A anatomia dos andorinhões, de uma forma geral, favorece o voo dessa ave, principalmente a grandes altitudes. Isso acontece porque o tipo de hemoglobina que essas aves possuem é diferente das outras e possibilita que grandes quantidades de oxigênio sejam transportadas a baixa pressão. Essa adaptação, aliada ao formato excepcional das asas, permite que os andorinhões, inclusive o andorinhão-de-coleira-falha, passem a maior parte do tempo no ar.
As patas e os “dedos” também são bastante curtos, sendo praticamente impossível de enxergá-los durante o voo. O bico dessa ave é bem curto e levemente recurvado. Suas glândulas salivares são relativamente grandes, se comparadas a outras aves de pequeno porte, e podem ter seu tamanho aumentado durante o período de reprodução. Não há dimorfismo sexual.
Alimentação
Os andorinhões-de-coleira-falha são insetívoros extremamente especializados que, graças às habilidades citadas anteriormente, passam a maior parte do dia voando a procura de insetos. Besouros, borboletas, libélulas, moscas, mosquitos, abelhas sem veneno e grilos são capturados e pleno voo.

Por terem os pés bem curtinhos, os andorinhões-de-coleira-falha apresentam dificuldade para se locomoverem em terra e, por isso, não caçam no solo. A oferta de insetos voadores que constituem a dieta dessa ave é a condição que vai determinar a sua presença ou não.
Reprodução
Os andorinhões são aves monogâmicas. Os casais são formados durante o período de reprodução e costumam permanecer juntos por toda a vida. Tanto o macho quanto a fêmea dividem as tarefas relacionadas aos cuidados parentais, principalmente no diz respeito à defesa do ninho.

Não há uma estação específica para o acasalamento, mas geralmente coincide com a abundância de insetos na região, o que acontece no verão e em períodos chuvosos. O ninho então é construído em colônias, próximo a penhascos e cavernas, e em superfície vertical, como rochas ou até mesmo chaminés e paredes de edifícios.
A matéria prima do ninho inclui líquens, musgos, pequenos galhos e penas, reforçados com saliva (o que justifica o aumento da glândula salivar durante a reprodução). Dependendo das condições do ambiente e da oferta de alimento, cada ninhada tem de um a sete ovos.
O tempo de incubação dos ovos vaia entre 14 e 32 dias. Os filhotes nascem sem penas, cegos e, por isso, extremamente dependentes dos pais. O macho e a fêmea alimentam suas crias com uma tipo de “almôndegas” formada por vários insetos e que são colocados com saliva. Após aproximadamente oito semanas, os recém-nascidos tornam-se independentes. A maturidade sexual é atingida por volta dos dois anos de idade.
Curiosidades sobre os Andorinhões
- No sudeste asiático, a população costuma comer uma sopa de ninho dos andorinhões que seus ninhos exclusivamente com saliva.
- O prato tem forte importância econômica para a região. Em 1989, foram comercializados cerca de 20 milhões de ninhos de andorinhão. O preço médio do quilograma era de 1,25 dólares americanos.
- Para a medicina tradicional asiática, a sopa de ninho de andorinha é capaz de fortalecer o sistema imunológico e evitar doenças.
- Nenhuma espécie de andorinhão aparece na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) em perigo crítico de extinção, mas cinco delas são classificadas como vulneráveis.
- As principais ameaças aos andorinhões incluem a degradação dos habitat, a colheita dos ninhos, o uso indiscriminado de pesticidas e a competição aves
- Ao todo há 92 espécies conhecidas de andorinhões, classificadas em 19 géneros.
- Apesar de fisicamente e nominalmente semelhantes, os andorinhões não são parentes próximos das andorinhas, pois pertencem a famílias distintas. A confusão é devida ao fato de as duas aves terem convergido para o mesmo nicho ecológico.
- Os andorinhões geralmente representam presas fáceis para falcões, corujas, corvos e até cobras que invadem seus ninhos.
- Além dos predadores, os andorinhões são hospedeiros exclusivos de inúmeras espécies de piolhos e outros parasitas.
- Alguns andorinhões chegam a passar 99% do período não-fértil no ar. Isso dá um total de 10 meses em voo. Por incrível que pareça, há indivíduos que conseguem dormir enquanto planam.
- Os andorinhões podem ser encontrados em diversos habitats: oásis em desertos, florestas diversas, estepes e zonas agrícolas. Quanto a altitude, esta pode varia desde o nível do mar aos 4000 metros.
- A fêmea do andorinhão-australiano tem uma técnica peculiar que favorece o sucesso reprodutivo. Ela põe duas ninhadas com um ovo em cada. Dessa forma, o filhote que nascer primeiro chocará o segundo. Isso permite que os pais se dediquem mais na alimentação da primeira cria.