Com cerca de 5 mil e quinhentas espécies existentes de sapos, com certeza alguns desses indivíduos, senão grande parte deles, são desconhecidos por você. Por exemplo, você já ouviu falar do sapo-dourado? Aposto que não, aliás, nem essa que vós escreve conhecia esse bicho. Bom, então vamos conhecer, juntos, esse anfíbio?
Animal em extinção
Conhecido também como sapo-de-monte-verde ou Incilius periglenes, morou em alguns locais nos bosques de Monteverde, na Costa Rica, na América Central.
Dissemos morou porque, infelizmente, o espécime foi considerado em extinção pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Esse anuro não é visto desde 1989.

Sua descoberta foi feita em 1976, e desde então só era encontrada numa pequena região de grandes atitudes, dentro de um bosque em Monteverde, numa área de cerca de 10 km2. A extinção da espécie em pouco tempo após a sua descoberta é usado como base para afirmar a diminuição na população de anfíbios. Acredita-se que a causa do seu desaparecimento são as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Porém, outras teorias são citadas quando se fala do sumiço desse anfíbio. Uma delas é devido ao clima da cidade onde habitavam. Principalmente os períodos de seca que coincidiam com a época reprodutivo do animal. O que fazia que girinos não alcançassem a fase adulta e, consequentemente, fazendo eles perderam seu habitat natural.
Acredita-se também que uma doença por fungo chamada de quitridiomicose causado pela espécie Batrachochytrium dendrobatidis também contribui com a sua extinção. Essa mazela causava nos sapos-dourados o engrossamento de sua pele, além de irritação e lesões, que gerava hemorragias.
Características do sapo-dourado
Como na maioria dos anfíbios, existe dimorfismo entre o macho e a fêmea. Sendo o primeiro menor que o segundo, medindo 48 milímetros de diâmetro. Enquanto a fêmea alcançava os 56 milímetros. Também existem traços diferentes em sua pele. Enquanto a fêmea tem um tom verde escuro, quase preto, com algumas manchas em vermelho rodeadas de amarelo, o macho possui uma coloração alaranjada, que chama muito atenção.
Habitat
Como dito, ele só era encontrado na cidade de Monteverde, na Costa Rica. Esta é uma região de muita chuva, o que tornava o local super propício para o animal. Ao mesmo tempo, é uma região que alcança altas temperaturas em alguns períodos do ano.

Reprodução do sapo-de-monte-verde
Sua reprodução variava de acordo com o clima. Após a cúpula, a fêmea pode botar entre 200 e 400 ovos, que eram depositados em poças d’água. Estes são minúsculos, com apenas 3 milímetros de diâmetro, durando apenas alguns dias, logo dando lugar aos girinos. Os bebês permanecem nesta forma pelas próximas 5 semanas, e aí começam a passar pela metamorfose. Como foi uma espécie que ficou disponível por pouco tempo na natureza, não se sabe ao certo qual é sua expectativa de vida. E lembra que comentamos que o clima interfere na reprodução? Como é uma área de clima bem diverso, quando o volume de chuva é muito grande, a correnteza pode arrastar o girinos para outros locais. Assim como as alturas temperaturas pode secar as poças onde os ovos foram depositados.
Alimentação
Bem como outros sapos, o dourado se alimentava de insetos pequenos.
Curiosidades
- O nome sapos-dourado advém de sua aparência alaranjada.
- Já sapo-do-monte-verde é decorrente do habitat natural do sapo.
- A Costa Rica, país de origem do sapo-dourado, abriga cerca de 182 espécies de anfíbios, cerca de 4% da população desses indivíduos, no mundo.
- O acasalamento era uma processo disputado, isso porque existiam mais machos que fêmeas. Cerca de oitos machos para cada fêmea. O assédio era tanto que o parceiro tinha que ficar de olho na fêmea para esta não ser roubado por indivíduos solitários.
- O dimorfismo sexual não era aparente nos girinos. Nesta fase, ambos os sexos possuíam cores e tamanhos iguais.
- Acasalavam entre abril e junho.
- Em 1987 uma longa estiagem atingiu a Costa Rica, que diminui drasticamente a população de anfíbios no país, inclusive a do sapo-dourado. Até que finalmente, em 1989, a espécie foi considerada extinta.
Outros sapos em extinção
Infelizmente, o sapo-dourado não é o único indivíduo que está extinto ou corre o risco de desaparecer. Muito outros já pegaram o mesmo caminho ou estão próximo de alcançá-lo.
Sapo narigudo de barriga vermelha (Melanophryniscus macrogranulosus):
Por ser uma espécie rara, não existem muitas informações a seu respeito e, provavelmente, nem existará, já que o animal corre o risco de desaparecer.

Euparkerella tridactyla
De origem brasileira, faz parte da ordem anura. É classificado como anfíbio em situação vulnerável na escala de risco de extinção. O motivo do seu possível desaparecimento? Perda de habitat.

Cycloramphus acangatan
Outra espécie de origem brasileira, também corre risco de sumir devido a perda de seu ambiente natural. Ocupa a posição de número 711 na lista mundial de animais em perigo de extinção.

Hemiphractus johnsoni
Com uma pele que lembra um origami, ele também corre o risco de desaparecer.

Odontophrynus moratoi
Parecido com uma rocha, este indivíduo ocupa a primeira posição na lista brasileira de animais que podem sumir para sempre.

Qual a importância do sapo no meio ambiente
É sabido que todo animal possui um papel importante na natureza, e não seria diferente com o sapo. Por exemplo, para alguns animais os anfíbios são a única opção em sua cadeia alimentar. Ou seja, caso sumissem, o bicho causaria uma espécie de efeito dominó, atingindo uma quantidade desconhecida de outras espécies.
Eles também são ferramentas essenciais quando o assunto é o transporte de nutrientes entre o ambiente terrestre para o aquático, como nitrogênio e fósforo.
Os sapos também atuam como controladores de insetos, o que quer dizer que o número desses bichos podem aumentar se eles continuarem sumindo. Sua extinção pode afetar igualmente a indústria farmacêutica, já que as substâncias expelidas para umedecer sua pele são usadas para desenvolver uma série de medicamentos.
Ou seja, se continuarmos destruindo seu habitat, quem mais sairá perdendo seremos nós mesmo, e é isso que muita gente não entende, e continuam a degradar seus ambientes naturais de forma incessante e sem colocar a mão na consciência com relação aos efeitos que essas atitudes terão no futuro.