Toda criança em algum momento de sua infância quis ter um peixinho em casa para criar e brincar. Porém, mesmo sendo um animal que podemos considerar como fácil de criar e cuidar, por não dar muito trabalho, não sujar a casa e ser um ser silencioso, tem algumas características importantes que devemos sempre considerar para cria-lo de forma adequada. Um peixinho bastante comum em nossas casas é o chamado Barrigudinho, também conhecido como Guppy, Lebiste, Bandeirinha, Sarapintado, Peixe-arco-íris, Guara-guara ou Bobó. Cientificamente ele é denominado de Poecilia reticulata.
Como criar um barrigudinho?
Na natureza este peixe de 3 a 7 cm (centímetros), compostos de escamas e que chama a atenção devido sua variedade de cores, é encontrado principalmente em superfícies de riacho e lagos de água doce. Locais estes com pouca lâmina de água, muita correnteza e com renovação contínua de água e consequentemente de oxigênio também.
Quando criado em cativeiro em aquário, é importante dizer que a troca da água, idealmente deveria ser renovada todos os dias, porém os barrigudinhos conseguem viver bem, fazendo a troca de sua água, semanalmente, em pelo menos 20%. A temperatura da água pode variar entre 20ºC e 30ºC, sendo preferível mantê-la em torno de 27ºC.

É necessário também controlar o pH da água do aquário a cada troca, pois estes peixes são de água doce, portanto o pH deve ser alcalino, com valor girando sempre em torno de 7,2, providenciando também alguma fonte de aeração com borbulhas de água, para ajudar na renovação e maior obtenção de oxigênio no aquário.
Já se falando de sua alimentação, o peixe barrigudinho, quando encontrado vivendo na natureza, se alimenta constantemente de larvas de mosquito, de drosófilas e de microvermes. E é graças a sua preferência alimentar, que este pequeno peixinho vem sendo empregado em vários estados, para eliminar e ajudar no controle dos mosquitos transmissores da dengue. Já em cativeiro, o nosso peixe barrigudinho pode ser alimentado várias vezes ao dia, com:
- – Patê de Gordon ou Patê de frutos do mar.
Porém, preferencialmente, tem também a opção de alimentos vivos, como:
- – Microvermes;
- – Enquitreia (chamada também de minhoquinha, alimento rico em vitaminas A, D e E);
- – Dáfnia (a “pulga de água” – crustáceo)
- – Rotíferos (animal aquático e microscópico)
- – Cyclops (crustáceo também)
- – Náuplios (é o estágio larvas, planctônico, típico da maioria dos crustáceos)
- – Larva de mosquito;
- – Larvas de Drosófilas (espécie de mosca)
Além de também poder oferecer farinha de minhoca, minhoca floculada, farinha de salmão e ração balanceada.
É importante ressaltar que todo ser vivo apresenta uma demanda energética diferente para cada estagio de seu crescimento e vida. Animais mais novos, necessitam de mais fonte de energia para seu desenvolvimento enquanto que o adulto precisa de quantidade adequada de alimento que o torne capaz de se manter, se defender e se reproduzir. No caso do peixe barrigudinho, devido suas características, entrou-se em um consenso de que tanto em sua fase mais jovem, quanto em sua vida adulta, o Guppy precisa ser alimentado várias vezes ao dia, levando em consideração a disponibilidade do tutor, mas de preferência no mínimo 6 vezes ao dia, em pequenas quantidades.
Como é a reprodução do barrigudinho?
Em se falando de reprodução, para quem pretende começar uma criação ampla de barrigudinhos, é importante se informar e saber como funciona o sistema reprodutivo desses pequenos seres.
Os órgãos sexuais são compostos pelo gonopódia, presente no macho, e pela cloaca, encontrado nas fêmeas.
No macho, o gonopódio pode ser localizado na frente do que seria o seu orifício urogenital, e frente a este, estão suas duas nadadeiras pélvicas. Este conjunto então, forma um tubo por onde os espermatozoides são transmitidos à fêmea. Seus elementos fertilizantes são mantidos no interior do globo, chamado de espermatógaro.
O processo de fecundação é tão rápido que nós seres humanos não conseguimos acompanhar a olho nu. No momento da realização do processo reprodutivo, os espermatófaros são lançados para o orifício genital da fêmea e assim que chegar em seu interior, se movimenta para o oviduto.

Curiosamente, o esperma lançado, se mantém no ovário, a espera de um grupo de óvulos, e enquanto o primeiro grupo não abandonar o oviduto, em forma de ovos eclodidos, que quando fora da fêmea, rapidamente se tornam o que chamamos de alevinos vivos, o próximo grupo não amadurecerá. Isso permite ao peixe barrigudinho uma fertilização ampla, pois a cada grupo de óvulos fertilizados e ovos formados liberados, outro grupo é fertilizado e em seguida expelido para fora. Sendo que cada processo de fecundação dura aproximadamente entre 21 a 28 dias.
Existem pesquisas que dizem que um esperma do macho é capaz de continuar fecundando uma fêmea por 8 meses, após a primeira fecundação. Ou seja, mesmo ocorrendo a morte do macho por algum motivo, se ele tiver fertilizado a fêmea, ela ainda poderá formar ovos e posteriores alevinos, por mais 8 meses.
Ressaltando também que a proporção de indivíduos, tanto machos como fêmeas depende de condições externas presentes, podendo elas seres favoráveis ou não. No geral as fêmeas estão em maior número e de tamanhos maiores que os machos, e para o fator de crescimento a justificativa pode ser o fato de que os peixes barrigudinhos fêmeas tem uma demanda energética maior que as dos machos.
Quanto tempo vive?
A expectativa de vida de um barrigudinho é de no máximo 2 anos, vivendo em condições adequadas, respeitando suas necessidades alimentares, habitat (levando em consideração o tipo de material utilizado para decoração, nível de pH, temperatura ideal, tamanho e quantidade de água do aquário), disponibilidade de oxigênio, interação e controle de doenças e parasitas. Portanto, caso esteja pensando em adquirir algum peixinho, se informe e tenha em mente que apesar de parecer um animal muito fácil de cuidar, ele tem necessidades básicas que precisam de sua atenção.
E lembre-se, atualmente a crianção de barrigudinho está sendo bastante incentivada, principalmente por sua atuação favorável na batalha para o controle e erradicação de mosquitos Aedes, transmissores da dengue. Existem programas, como o realizado pela Embrapa, que cria materiais informativos para possibilitar que municípios, estados e a população no geral, possam se informar e realizar uma criação responsável dos barrigudinhos. Este seres tão coloridos e chamativos, se tornaram nossa forma mais natural, para o controle de mosquitos, sem a utilização exagerada de inseticidas.
Referência:
- https://www.agrosete.com.br/blog/alimentos-vivos-para-peixes-de-aquario/
- https://www.cpt.com.br/artigos/peixes-de-agua-doce-do-brasil-barrigudinho-phalloceros-caudimaculatus
- http://www.petbh.com.br/guppy/wpcontent/uploads/2017/12/ManualGuppies.pdf
- https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/32779/Monografia%20Luciana%20Fuzetti.pdf?sequence=1&isAllowed=y
- https://www.meuaquario.com/tudo-sobre-o-peixe-guppy-lebiste/